sábado, 16 de janeiro de 2016

AIRTON DE FARIAS, CITANDO JÁDER DE CARVALHO

  História do Ceará: Aldeota 

  "As elites cearenses e as diminutas classes média e alta acumularam riquezas basicamente com a agropecuária (sobretudo, algodão) e o comércio, afora o desempenho de atividades liberais e de importantes funções na máquina pública. O Estado sempre desempenhou um papel destacado para a ascensão social no Ceará, gerando oportunidades através de cargos nos quais se acomodavam funcionários graduados, não raras vezes utilizando-se de apadrinhamentos políticos e bajulação. Empresários formaram patrimônio beneficiados pelo Estado. Ante a concentração de renda, a quantidade de ricos é infinitamente diminuta em relação ao grosso da população. Há especulações sobre a origem das fortunas de muitos elementos da elite local, visto que grandes patrimônios se fizeram 'da noite para o dia'. Nos anos 1950 e 1960, criou enorme celeuma no estado as denúncias de contrabando envolvendo autoridades, políticos e homens de dinheiro. Café, uísque, carros, trigo, tecidos, açúcar, etc. eram desembarcados clandestinamente nas praias de Aracati, Camocim e Chaval, produtos sem nota fiscal, burlando, assim, o fisco. Não por acaso, o Golpe de 1964, feito no discurso dos conspiradores para 'acabar com a corrupção', cassaria alguns parlamentares cearenses.
  Sobre o tema, há o livro Aldeota, de Jáder de Carvalho. Publicado em 1963, a obra mistura ficção com aspectos reais da sociedade de Fortaleza, revelando a origem pouco nobre de várias fortunas e mal disfarçando alguns nomes verdadeiros.
  O livro de Carvalho logo esgotou-se e ganhou uma aura de 'proibido' (ganharia uma nova edição apenas em 2003). Vale lembrar que a elite econômica local, mesmo buscando conforto, signos exteriores de ostentação e diferenciação social, não possuía um patamar financeiro que a situasse como tal em áreas mais ricas do Brasil. Ou seja, ante a pobreza geral do povo cearense, os poucos ricos destacavam- se no estado, embora, num contexto nacional, se mostrassem inexpressivos."
  (CARVALHO, 2003; SARAIVA, 2012). (FARIAS, Airton de. História do Ceará. Fortaleza: Armazém da Cultura, 2015. P. 514).

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