27 de jan. de 2016

O MILAGRE DO INVERNO

 Dideus Sales

A estiagem malvada
Faz do sertão um inferno,
Mas a fé de nossa gente
Em preces ao Pai Eterno
Converte o rigor da seca
Nas belezas do inverno.

A caatinga veste o terno
Que a natureza respalda,
O lençol da esperança
Sobre o sertão se desfralda
Deixando o chão parecido
Com um tapete de esmeralda.

A chuva lava a rescalda
Da fogueira do verão,
O rurícola comemora
A santa transformação
E a bonança se arrancha
Expulsando a precisão.

Com inverno no sertão
Desaparece a tristeza,
Os fantasmas da miséria
Dão espaço à boniteza
De um quadro por Deus pintado
Com tintas da natureza.

Nesse painel de beleza
Toda graça se renova,
Os peixes nos rios cheios
Na força da água nova
Nadam contra a correnteza
Para fazer a desova.

O camponês faz a cova
E a camponesa semeia
Grãos na terra abençoada
Para a colheita de meia,
Critério mais corriqueiro
Pra quem planta em terra alheia.

Um violeiro ponteia
Na viola uma canção,
Enaltecendo em seus versos
A Deus pai da criação,
Agradecendo a riqueza
Qu’ Ele mandou pro sertão.

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