Os trabalhadores chegavam (à casa do patrão) no fim da tarde, suados, exauridos. Espalhavam-se pelo pequeno alpendre com uns mapas de sal de suor nos lombos. Aos poucos iam pro riacho tomar banho. De volta, faziam uma roda pra esperar o de comer. E comiam com voracidade. Saciados, espalhavam-se pelo ambiente. Muitos deles cortando fumo e palha de milho pra fazer os cigarros ("braços de Judas"). A maioria usava mesmo papelim. Demorava pouco e começavam as histórias que falavam de homens que vinham de outro mundo, em troços voadores: - Pareciam uma peneira grande! - dizia um.
Quando alguém era avistado em terra, os ocupantes dos bichos voadores jogavam uma grande rede em cima dos desafortunados escolhidos: - Eu achava parecido era com uma tarrafa grande! - falava outro, com sua experiência de homem socó.
Quem era pego era levado pro estrangeiro, pra virar picadinho: - Eles queriam aproveitar cada parte do corpo! - dizia um velhinho do canto do alpendre, com ar professoral.
- E preferiam gente nova. Velho pra quê? - emendava um senhor de bigode ralo, que fazia um cigarro pau-ronca quase sambar de canto a canto da boca.
Dizia-se que aconteciam barbaridades com quem era escolhido pro terrível sacrifício. Os columins que escutavam tudo, tremendo que nem vara verde, iam dormir se pelando de medo. Se depois de um tempo desse vontade de ir no mato (pra alguma necessidade), deixavam-se ficar plantados nos fundos das redes e acordavam "só o pirão" (de mijo)!
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