quinta-feira, 19 de julho de 2018

O VAGALUME, FAGUNDES VARELA

Quem és tu, pobre vivente,
Que vagas triste e sozinho,
Que tens os raios da estrela,
E as asas do passarinho?

 A noite é negra; raivosos
 Os ventos correm do sul;
 Não temes que eles te apaguem
 A tua lanterna azul?

 Quando tu passas, o lago
 De estranhos fogos esplende,
 Dobra-se a clícia amorosa,
 E a fronte mimosa pende.

 As folhas brilham, lustrosas,
 Como espelhos de esmeralda;
 Fulge o iris nas torrentes
 Da serrania na fralda.

 O grilo salta das sarças;
 Piam aves nos palmares;
 Começa o baile dos silfos
 No seio dos nenufares.

A tribo das mariposas,
 Das mariposas azuis,
 Segue teus giros no espaço,
 Mimosa gota de luz!

 São elas flores sem haste;
 Tu és estrela sem céu;
 Procuram elas as chamas;
 Tu amas da sombra o véu!

Quem és tu, pobre vivente,
 Que vagueias tão sozinho,
 Que tens os raios da estrela,
 E as asas do passarinho?

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 Foto: Aurélio Alves/O Povo