28 de out. de 2018

PRA PENSAR

"'O momento que vivemos e as escolhas que estamos fazendo abriram feridas profundas dentro das famílias e entre amigos. Na família, a ferida é mais funda. Dói mais. Dói muito. São os que compartilharam comigo dores e alegrias, medos e descobertas. Me mostraram caminhos. Me fizeram ser quem sou.  E, no entanto, nunca me pareceram tão distantes, tão estranhos, ausentes os vestígios de compaixão e de apreço pela humanidade em suas escolhas: o fascismo ou lavar as mãos, o que dá, rigorosamente, no mesmo. Escolheram o que ameaça a minha existência e propõe meu aniquilamento. Tenho muita dificuldade de entender e aceitar a naturalidade com que optaram pela violência e pela brutalidade. Mas, a essa altura, já não sei se quero compreender essa escolha. Sou assim: morro sozinha, mas morro abraçada aos meus valores. E a liberdade para todos os seres é o maior deles. Supremo. Sagrado. Sei que essas pessoas estarão para sempre comigo. Só não sei ao certo em que lugar. O que sei é que essas feridas sangrarão por muito tempo e, sinceramente, não sei se algum dia irão cicatrizar. Felizmente, tenho amigos (e parentes também) que estão ao meu lado. Esses são a família que escolhi. E que me escolheu. E por isso, mais do que nunca, encontro alento nos versos de uma canção que, pra mim, tem feitio de oração: Gracias a la vida que me há dado tanto, de Violeta Parra.
Texto da minha querida amiga Cristina Serra, que faço meu com a permissão devida."

Ruy Lima, jornalista

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