sábado, 8 de dezembro de 2018

MEMÓRIAS

"VOU-ME EMBORA PRO PASSADO!"
Entre o distrito de Araquém e a localidade de Cigano existe uma lagoa. Lagoa da Fazenda. Nos meus tempos de menino era toda cheia de aguapés floridos, cheirosos. A água que aparecia formava um círculo, lá no meio. O lugar era meio misterioso, no meio do mato, da caatinga. Era onde eu via as éguas e cavalos mais sagazes da região. Quando viam a gente saíam correndo e soprando pelas ventas, como a caçoar da gente, com aquelas cordas na mão. É que eu vinha de uns bordos, atrás de uns poucos bichos que meu pai tinha. A plantação aquática, claro, era comida pros animais. Um morador do local logo vinha me dizer de quem era o cavalo melado e a égua de patacas pretas pelo corpo. Eram uns homens ricos que moravam pras bandas do Marfim, da Cauã ou do Machado (lá no pezinho da Ibiapaba). Eu ficavam ali parado, bestificado, olhando aqueles seres misteriosos, naquela liberdade descomunal. Mas o senhor, com cara de mateiro sabido, avisava logo: - No fim d'água vão todos embora!
Era o tempo das calças curtas e sonhos compridos, longos como um dia de fome!

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