sábado, 19 de outubro de 2019

NOSSO PAI (HOMENAGEM - 2)


"Raimundo  Nonato  de  Carvalho foi filho  único do segundo casamento de Antônio  Francisco de  Carvalho com Francisca Carneiro. Nasceu no Piauí, pois seus pais estavam por lá, pra salvar o pequeno rebanho vacum da seca de 1919; mas foi registrado em Coreaú, como consta na sua certidão de nascimento, em 15 de outubro de 1919. Seus irmãos paternos foram: Benevides, Artur, Isauro, Luiz, Jacó, Áurea, Joaquim e Maria da Conceição (Neném). Ainda jovem ajudava seus pais nos afazeres do dia a dia, no serviço da lavoura e na criação de caprinos. Raimundo Carvalho iniciou seus estudos em idade avançada, com a professora Maria de Carvalho. Foram apenas 3 meses de escola. Nada obstante, dedicado aos estudos, ele aprendeu rápido a ler e escrever, como também as 4 operações aritméticas. Desenvolveu uma bela caligrafia. Tinha uma inteligência incontestável, possuidor de uma vida simples, de muito trabalho e sem diversão. Sua infância e juventude se deram na Várzea Comprida, com seus pais. Aos 24 anos de idade casou-se com a senhorita Dilma (amor à primeira vista), no mês de abril de 1944, na Igreja Matriz de Coreaú. Após o enlace matrimonial, o lugar escolhido para morar foi a residência de Antônio Carvalho, por um período de 2 anos.  Raimundo Carvalho veio morar em Coreaú, no ano de 1947, trazendo com eles os 2 primeiros filhos (Ediberto e Ziula). Nosso pai tinha a preocupação com o aprendizado, com o futuro dos filhos, tanto que ele ensinou a ler e escrever as letras do alfabeto e os números, pegando em nossas mãos para escrever.     O grande pai, assim como nós o considerávamos, de origem e vida simples, tornou-se herói, pois deu seu grande exemplo de cidadania, orientando e acompanhando os passos de vida de seus 15 filhos. Éramos 19, mas 4, ainda crianças, vieram a falecer prematuramente. Apesar da vida simples que papai nos oferecia, as coisas aconteciam e repercutiam de forma demorada, mas eram vividas: as orientações, o exemplo de vida, as conversas das vizinhanças, ou dos parentes na calçada, as brincadeiras de roda, esconde-esconde, jogo de amarelinha, etc; sem falar nas tarefas diárias, como o estudo e os afazeres rotineiros. Com o decorrer dos anos, papai foi melhorando de vida. Em vez de ser apenas agricultor, iniciou-se na vida de comerciante, na Praça do Mercado, que se estendeu até a sua aposentadoria. Acumulou muitos bens. Raimundo Nonato de Carvalho vivia do trabalho para casa, da casa para o trabalho. Aos domingos não deixava de assistir a Santa Missa, celebrada pelo Padre Benedito. Gostava dos novenários de Nossa Senhora da Piedade, no mês de setembro. Com muita alegria, ele e mamãe assistiram as festas de formatura de seus filhos, do mais velho Antônio Ediberto, até o caçula Cleiton. Em 1982, foi acometido por uma doença de pele, precipitando-lhe a aposentadoria, após 2 anos de licença. Aposentou-se, mas continuou na lida com a criação de gado. Sentado na sua calçada, dizia nosso pai: 'Tenho conversa para todas as idades.' Gostava de prosear. Em 2006, acometido por um AVC, ficou sob os cuidados médicos e familiares. Depois disso, papai não ia mais ao centro e nem ao mercado; não fazia compras; a tarefa ficou com a mamãe. Francisco Américo Carneiro da Frota ia cortar o cabelo e tirar a barba em sua residência, com a maior boa vontade e não pelo valor irrisório que ele cobrava. Em fevereiro de 2007 veio a falecer após outro AVC. Seu sepultamento se deu no cemitério São Miguel em Coreaú. Sua prole era composta de 15 filhos, 42 netos e 18 bisnetos. A saudade existe e sempre existirá, mas o tempo a suavizará. Só quem aprende a amar irradia amor, paz e tranquilidade aos seus."
Texto de autoria de Maria José de Carvalho Albuquerque, (Mazé) filha de Raimundo Nonato de Carvalho, em homenagem ao centenário de nascimento do nosso querido e saudoso pai (terreno). 
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Colaboração encaminhada ao Blogue por Cosmo Carvalho, irmão da missivista.

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