"De quando em quando, ouço murmúrios de denúncias de 'racismo estrutural' nos espaços comerciais da elitizada Aldeota. Creio que os racismos ocorridos nas periferias urbanas nem chegam a ser notícia: são abafados à luz da naturalização.
É notório que Fortaleza não era uma cidade importante no passado e nunca possuiu muitos escravos, não havia cana de açúcar nem minas de ouro que exigissem mão de obra escrava. Por isso, o Ceará foi o primeiro estado a libertar os escravos: eram poucos escravos e não faria diferença libertá-los. Na maioria, eram escravos domésticos que continuaram nas cozinhas dos ex-donos, por não haver outras opções de trabalho.
Nesse contexto, Fortaleza contou com uma grande mestiçagem do branco com o índio, que se chama de 'mameluco' e é portador de pele clara com estatura baixa, cabelo preto liso e feições de índio. Esse tipo mameluco foi durante muito tempo chamado racistamente de 'amarelo-empambado', o que é, obviamente, politicamente incorreto.
Portanto, essa 'Fortaleza Mameluca' se achou e se acha raça branca, com os devidos 'jeitinhos' brasileiros de alouramentos farmacêuticos. Diferentemente, ocorreu em São Luiz do Maranhão (cidade importante no passado com grande presença de escravos) com os mestiços de negro com índio chamados de 'cafuzos', que possuem pele escura e não há 'jeitinho' para passar por raça branca.
A partir desses fatos, considero Fortaleza uma cidade profundamente racista, a ostentar uma expressiva população mameluca que se julga branca e com direito a discriminar os mulatos e negros fortalezenses, que são brasileiros igualmente dignos, como mamelucos e brancos."
Diogo Fontenelle, poeta e escritor
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