"Fui a Aushwitz algumas dezenas de vezes. Primeiro como visitante, depois como educador e, depois, como pesquisador. O lugar e a dor na alma são terríveis. As câmaras de gás, as seleções feitas, os barracões... tudo está lá. Depois da placa de 'O trabalho liberta!', o inferno surge, sem saber, para a câmara de gás e o crematório. Assumo que depois que virei pai a compreensão daquela foto ficou mais profunda. Mas o que me pareceu mais forte, principalmente por viver no Brasil pós-2018, foi saber que aquela família foi mandada à morte no ato final de um regime. Que se iniciou dizendo se preocupar com famílias, com formas 'degeneradas' de vida, dizendo lutar contra a corrupção, contra doutrinação gay e de esquerda nas escolas. É um erro pensar que Aushwitz começa em Aushwitz. E é dever interromper seus passos, antes que virem pegadas. (...)."
Michel Gherman, professor de Sociologia da UFRJ e pesquisador _______________
Nenhum comentário:
Postar um comentário