EU, NA PALMA, VINDO DO ARAQUÉM
Foi na Rua São Miguel que eu cheguei, com uns balaios de sonhos; era final da década de 70. Tinha então quinze anos. Tinha estudado pouco, com professoras leigas, do Araquém, a quem sempre agradeci. Meu pai tinha um pé de bodega, que reabriu, na Rua de Baixo. Nesses tempos, a beira do rio fervilhava de gente, quando as águas chegavam, pelo velho Rio Coreaú. Na rua do Cemitério, morávamos numa casinha meio de taipa, meio de tijolos. Meu pai a adquiria de um crente, de fora de Coreaú. Tinha, também, chegado por ali, em busca de melhor sorte. Na rua da moradia, em convivia com trabalhadores: pescadores, oleiros, pedreiros, caçadores, agricultores, pequenos criadores... Uns tinham vindo do sopé da Penanbuba (os Camelos) e eram exímios marceneiros. Ali, nos aboletamos. Logo depois - corria o tempo - fui às escolas, atrás das letras. Primeiro, na Escola Estadual Vilebaldo Aguiar e depois na Escola Normal Nossa Senhora da Piedade; nesses tempos, já soletrava versos e tinha desejos, maiores que a Meruoca. E foi ali, naquela singela ruazinha, que eu aprendi a ser menino letrado. Depois, lá Loja O Vilar, tive contato com o cifrão, com as canicilinas e com as meninas, que me fizeram sofeer, ih. E como. Tempos depois, lá se foram meus pais para o perigoso Maracanaú, de péssima fama, de lugar reimoso. O sr. Toinho do Vilar até me ofereceu (pra morar) a Casa da Prensas, onde ele tocava uma pequena empresa de venda de pó de palha de carnaúba e fazia cera. Eu fui (pra Terra das Maracanãs), atrás dos meus velhos, com medo de que a afobação de meu pai lhe rendesse uma sova ou coisa pior. Mas o velho morreu, por conta de um acidente (provocado por um motoqueiro insensível - que nem parou pra ver como ficara o velho), ou devido às consequências dele (acidente), no hospital, sob os cuidados dos filhos. Graças ao Deus maior!
Nenhum comentário:
Postar um comentário