DIANTE DE UM SAMANGO
Senhor, levanto as mãos, diante da Lei. Sou notívago, vagabundo; falo palavras sem nexo, como as que Cazuza viu a girar, num liquidificador; bebo cana no bar, com desequilibrados de toda ordem; tontos de todos os naipes, cabras de peia, desses que mascam cigarros e bebem pedras e cacos de vidro, diante de uma saudade, que faz rachar o mármore da fraqueza; ando com barrigas-brancas, que ao primeiro grito da mulher amada, correm pras asas dela, feito menino amedrontado pelo pesadelo da noite mal dormida; leve-me pra cadeia, agora; senão tomou mais uma e saio por aí, tocando mais uma trova, em homenagem (chorosa) à mulher daquele valente, da minha rua. Leve-me pra longe daquele brabo. Leve-me agora; na cadeia haverá um frouxo, que treme de medo, até diante do rótulo da malvada engarrafada, que enche as prateleiras. Eu não valho nada. Leve-me. Estou, desgraçadamente, na casa do sem-jeito. Até poeta virei!
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