QUENTURA E SEQUIDÃO
Olho a terra/
E confesso que me assusto/
Com tamanha quentura e sequidão/
De sede, morre o bicho e morre a planta/
Seca o rio, as cacimbas/
E seca o chão/
Chego, em certas horas, a perder a esperança/
Que um dia o clima vá melhorar/
Ergo as mãos e minhas preces, para o céu/
Porque sei que a ajuda vem de lá/
Passo as noites assim, como eu passo os dias/
Perguntando: - Oh, meu Deus, o que fazer?/
Pois plantar o que, na terra seca,/
Com a certeza de que nada vai nascer?/
Por aqui já se acabou toda a forragem/
O animal, que era gordo, emagreceu/
Meu riacho também está secando/
Meu cachorro caçador, também morreu/
Se o tempo por acaso não melhorar/
Ai, meu Deus, lhe pergunto/
O que será de nós?//
SALVEM O RIO COREAÚ
Ontem ele era o orgulho,/
Da minha cidade e do meu povo/
Hoje está agonizando,/
E pedindo socorro/
À população!/
Ele, não muito distante/
Era limpo e belo bonito, de se ver/
Hoje o rio e só sujeira/
E sem a sua ajuda, sei que vai morrer//
Lembro daquelas cacimbas/
De águas azuis, que tanto nos serviram/
Hoje, tudo está cercado,/
Cortaram a ingazeira e/
Queimaram os paus do rio!//
Acabaram com os banhos/
Com as ribanceiras, de onde tanto pulei/
Se isso trouxe vantagens/
Por favor, explique-me, porque eu não sei/
Os pulos da ponte velha,/
Os bodós que a gente/
Pegava, com as mãos/
As brincadeiras sobre as moitas,/
Dos escama-peixes, até o Socavão/
O campinho da barragem,/
O Poço do Carro, nada existe mais/
Tudo por culpa de um povo que, ao invés de ir pra frente, tá indo é pra trás!//
Quando chegava o inverno,/
Nossa Barragem virava atração/
Muitos banhos e pescarias,/
Nosso rio, era a nossa diversão/
Hoje dá até nojeira,/
Aquela sujeira, pior não se viu/
Vejam só tem porco, lama, muriçoca,/
Lixo e esgoto no rio!//
Vamos juntar eu, você,/
E fazer disso um desafio/
Pra salvar o nosso rio/
E não o deixá-lo morrer!
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