7 de set. de 2024

DE BENEDITO GILSON (MANCHÃO) - COREAÚ

QUENTURA E SEQUIDÃO

Olho a terra/

E confesso que me assusto/

Com tamanha quentura e sequidão/

De sede, morre o bicho e morre a planta/

Seca o rio, as cacimbas/ 

E seca o chão/

Chego, em certas horas, a perder a esperança/ 

Que um dia o clima vá melhorar/

Ergo as mãos e minhas preces, para o céu/

Porque sei que a ajuda vem de lá/

Passo as noites assim, como eu passo os dias/ 

Perguntando: - Oh, meu Deus, o que fazer?/ 

Pois plantar o que, na terra seca,/

Com a certeza de que nada vai nascer?/ 

Por aqui já se acabou toda a forragem/

O animal, que era gordo, emagreceu/ 

Meu riacho também está secando/ 

Meu cachorro caçador, também morreu/

Se o tempo por acaso não melhorar/

Ai, meu Deus, lhe pergunto/ 

O que será de nós?//

SALVEM O RIO COREAÚ

Ontem ele era o orgulho,/

Da minha cidade e do meu povo/

Hoje está agonizando,/ 

E pedindo socorro/ 

À população!/

Ele, não muito distante/

Era limpo e belo bonito, de se ver/

Hoje o rio e só sujeira/ 

E sem a sua ajuda, sei que vai morrer//

Lembro daquelas cacimbas/

De águas azuis, que tanto nos serviram/

Hoje, tudo está cercado,/ 

Cortaram a ingazeira e/

Queimaram os paus do rio!//

Acabaram com os banhos/

Com as ribanceiras, de onde tanto pulei/

Se isso trouxe vantagens/

Por favor, explique-me, porque eu não sei/

Os pulos da ponte velha,/

Os bodós que a gente/

Pegava, com as mãos/

As brincadeiras sobre as moitas,/ 

Dos escama-peixes, até o Socavão/

O campinho da barragem,/

O Poço do Carro, nada existe mais/

Tudo por culpa de um povo que, ao invés de ir pra frente, tá indo é pra trás!//

Quando chegava o inverno,/

Nossa Barragem virava atração/

Muitos banhos  e pescarias,/

Nosso rio, era a nossa diversão/

Hoje dá até nojeira,/ 

Aquela sujeira, pior não se viu/

Vejam só tem porco, lama, muriçoca,/

Lixo e esgoto no rio!//

Vamos juntar eu, você,/

E fazer disso um desafio/

Pra salvar o nosso rio/ 

E não o deixá-lo morrer!


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