18 de jan. de 2012

UM HOMEM SÓ

   Gumercindo vivia só. Trabalhava só. Ele e sua enxada reluzente, de corte ágil. Passava o dia ali, no eito. Só. Ele e sua sombra. Nunca tinha amado ninguém. Nunca tinha sorrido pra ninguém. Nunca tinha visto uma alma que se agradasse de riso chocho. Quando terminava o dia, ia pra sua casinhola miúda e baixa. Quase rente ao chão. No alpendre, fumava seu cigarro fedorento. Enfiando pensamentos em cordão... Gumercindo tinha um sonho escondido até de seu cutelo de ponta aguda: um dia queria ter alguém para um chamego... Quem sabe um dia... Um dia quem sabe...

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AV. BEIRA MAR NO ABANDONO

Nem o belo logradouro escapa. Triste fim de uma gestão lastimável!