"(...) Talvez haja uma grande desinformação
sobre os benefícios da unificação da escrita, existente em quase todas
as línguas internacionais. Ou seria a reação ao que é novo, o receio de
não mais se saber escrever corretamente? Apego à tradição? Talvez a
velha resistência para desaprender como condição básica para adquirir
novos aprendizados? Para nós, brasileiros, que constituímos
mais de oitenta por cento dos falantes lusofônicos, as mudanças não
atingirão tanto a nossa ortografia, pois nem 0,5 do léxico será
alterado. O acordo não vai mexer com as regras existentes, mas
limitar-se praticamente à supressão do trema, à abolição do acento
agudo nos ditongos representados por ei e oi nos paroxítonos, como em
assembleia e heroico, à eliminação do acento circunflexo para assinalar a
sílaba tônica dos vocábulos, como enjoo, voo, e das formas verbais de
creem, deem, leem e veem. Quanto ao hífen com os prefixos, salvos casos
especiais, tal sinal gráfico continua somente se o termo seguinte
começar por h ou pela mesma letra, como em anti-herói e
anti-imperialista; auto-hipnose e auto-observação; super-homem e
super-realizado. Registre-se, finalmente, que, na linguagem da
internet, especialmente dos jovens e adolescentes, vem o novo sistema
oficializar a eliminação do trema e consagrar o emprego das charmosas
letras k, w e y, contudo, não afetará o uso criativo de muitos vocábulos
que ficarão à margem das regras oficiais, pois a velocidade da
comunicação leva o usuário da web a encurtar a grafia, como em axo, kd
vc, vei, brigado, hj, sds, kkk , viw, inté, bju, xau, xêro.
ENTENDA A NOTÍCIA
Estava
marcado para 1º de janeiro de 2013 a vigência definitiva das novas
regras do acordo ortográfico. Mas o governo federal decidiu adiar a
implantação para 2016. Sete países de língua portuguesa assinaram o
acordo, em 2008."
Myrson Lima (Professor) é membro da Academia Cearense da Língua Portuguesa
FONTE: O Povo
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