quinta-feira, 4 de julho de 2013

NOSSAS TRADIÇÕES

COMPADRE E COMADRE

   "Fora da família nenhum liame era mais forte e poderosamente decisivo quando o compadrio. Se os padrinhos tinham canonicamente, todos os deveres e direitos para seus afilhados, canônica e juridicamente nenhum vínculo reunia compadres e comadres na indissolubidade sagrada de uma comunhão espiritual que durou séculos.
   Foi uma criação católica e seu alcance era aproximar humanamente os ricos e poderosos dos pobres e fracos. Estabelecia uma comunicação obrigatória de serviços mútuos explicadora de muita 'paz social' em regiões ásperas de desequilíbrio econômico. O senhor Manuel Rodrigues de Melo foi o primeiro a expôr as linhas essenciais do complexo sociológico que encheu de força cooperante e de confiança tranqüila as terras do interior brasileiro. Empurrou muito nome para o Senado do Império e ainda, desfalecida e teimosa potência, resiste fiel aos seus compadres deputados federais. Recebemos de Portugal a instituição em sua grandeza serena. (...).

   (...) Todos os descendentes das velhas famílias do interior do Brasil, em qualquer ponto do território, sabem da velha importância capital para um fazendeiro, senhor de engenho, chefe político, representada pela massa dos compadres. Era a amplificação da família e muito do poderio eleitoral repousou na base do compadrio feliz em servir o chefe.
   Não é de menor curiosidade o fator econômico ser ou não presente. Mesmo para os pobres, vivendo nas terras ou fora das propriedades, o típico era ter o compadre como uma garantia, uma custódia, um reforço decisivo e não um elemento presente de auxílio financeiro. Naturalmente milhares de compadres eram ajudados pelos seus compadres ricos mas esta condição não caracterizava tipicamente o instituto do compadrio. (...)."


  (Luís da Câmara Cascudo, no AB) 

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