FESTAS JUNINAS por Gustavo Barroso: "(...) No nosso interior, essa comemoração assume aspectos maiores e muito mais
interessantes. Ela recorda todo o nosso passado de costumes singelos e profundamente
nacionais. Nela vibram todas as almas rudes dos nossos matutos. É o tempo das fogueiras e
dos fogos, das danças e dos balões. O céu cobre-se com um número infinito desses. Em
cada porta de casa, ou em cada terreiro de fazenda, clareia o negror da noite urna grande
fogueira, em torno da qual todos os habitantes, patrões e servos, meninos e velhos,
homens e mulheres, andam e pulam, acendendo os seus fogos lendo as sortes, assando as
castanhas de caju da última safra, saltando de pés juntos por sobre as brasas,
realizando a simplíssima cerimônia pela qual se declaram compadres de São João,
ligando-se por amizade para sempre. Uns saltam, a fogueira, para obter felicidade, se não
tocarem nas labaredas, se não forem chamuscados. Alguns rodeiam o fogo três vezes,
cantando. Outros a fim de mostrar a sua fé no poder do santo, atravessam o braseiro,
quando a fogueira agoniza, de pés nus, sem se queimarem. É ainda nesse tempo que as
moças vêem num copo de água a figura do homem com quem se casarão, ou que, dando, pela
manhã do dia do santo, a um pobre um vintém, que esteve mergulhado nas cinzas da
fogueira da véspera, lhe perguntam o seu nome de batismo. E esse será o mesmo nome do
seu futuro marido. Depois da fogueira, vêm as danças, as comedorias saborosas, os
copázios de aluá, de mocororó, de gingibirra, os grogues de parati. Noite de
cantos e de alegrias, dos desafios ao pé das violas e das sortes em verso,
entrecortados de ironias e de sátiras. (...)."
FONTE: Almanaque Brasil
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