"Já passou da hora do governador fazer
de conta que encara a paz pública como prioridade. Ele deixará o trono,
provavelmente não fará sucessor, e não terá como responder por quais
razões não pacificou o Pôr-do-Sol e outros lugares onde o medo faz as
pessoas desejarem não existir. Parece arrogante o que vou
perguntar: tirante as aberrações da experiência das Unidades
Pacificadoras do Rio de Janeiro, não estaria passando da hora de tentar
modelo semelhante aqui? De chegar no Pôr do Sol (e outros lugares
impenetráveis), depois de um trabalho de inteligência policial e pacto
com o judiciário, e levar a julgamento traficantes de drogas e armas?
Decretar o fim da conivência do Estado?
De abrir caminho para
que a prefeitura e as secretarias do governo entrem consequente onde o
poder público é menos? Falta o quê, governador? Faltou o que para o
ex-secretário da Segurança e as polícias que ele achava que comandava?
Daqui
a pouco, a campanha para eleição de governador e parlamentares estará
mais forte na rua. E os boatos de arrastões nas avenidas, as imagens de
flagrantes de assaltos na Aldeota-Cocó-Meireles, o corpo mole das
polícias, os latrocínios, o assassinato de meninos na periferia e os
roubos encarrilhados a bancos estarão mais apavorantes.
Medo
de existir na cidade dos nossos afetos não traz potência criativa nem
transforma coisa alguma. Só favorece quem já ganha com o pavor e está
investindo mais ainda para continuar no poder ou doido para estrear."
(DEMITRI TÚLIO, no O Povo)
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