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27 de mai. de 2014
O PIPOQUEIRO
O pipoqueiro que ainda povoa minha cabeça é o sujeito atarracado, de pouca conversa e humor sutil, meio entredentes. Parece que nem nome tem. É capaz de andar a cidade toda, com aquele jeito de quem não cansa nunca. Chega à cidade pra feira ou pra festa da padroeira. É o primeiro que chega e o último que sai. Vende seu produto baratinho, como se o guardar dinheiro e riqueza fosse uma grande bogagem. "Basta ganhar pra ir roendo!". O pipoqueiro observa tudo. Do seu jeito. Os namoros dos outros ele curte, com aquela cara sem-vergonha de quem não viu nada, muito menos aquela mão-boba no entrecoxa da distinta moça... O pipoqueiro anda sempre só. Se gosta de alguém na cidade é coisa escondidinha. Apura seu pouco dinheiro e guarda em gavetas e buracos de seu pobre carro. Não tem fortuna. Parece não está nem aí pra opulência que está ali do seu lado, em forma da carros, casas e roupas cheias de glamour e besteira, que pululam em festas e ajuntamentos. Assim é o pipoqueiro... O amigo dos corumins. Quando parte, no fim do final da festa, deixa um rastro de saudade. E a cidade fica. Um oco só! "Até o ano que vem!"
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