6 de jul. de 2014

O OUTRO, MINHA DESGRAÇA!

  “Toda vez que ouço alguém da classe média falar do suposto efeito preguiça causado pela implementação do famoso Bolsa família, sinto um profundo cansaço. Reproduzir sempre a mesma lengalenga, isso sim é preguiça! Como se nós, da classe média, adorássemos trabalhar, como se não fizéssemos corpo mole, como se não rejeitássemos propostas de trabalho mal remuneradas, que nos parecessem desinteressantes. Mas, ah, que horror! Agora, outras pessoas, por receberem 70, 140 reais por mês, supostamente também fazem isso, né? Rejeitam trabalhar por uma mixaria! Não temos mais uma massa de miseráveis que queira nos servir por um valor irrisório, para que possamos pagar uma conta de 100 reais no bar/restaurante mais transado da cidade, para que possamos incrementar o carro bacaninha, para que possamos construir a casa de praia deliciosa e ter alguém que a limpe, por quase nada... Chato, muito chato não ter uma massa de miseráveis. Abaixo o Bolsa família, as cotas, os índios, os quilombolas, os assentamentos,... De tudo, o que me faz quase querer vomitar é ouvir as pessoas dizerem que as famílias pobres estão se acabando de ter filhos para aumentar o valor do Bolsa família. Que estupidez!”

 (Joceny Pinheiro, antropóloga cearense)

 OBS.: O título da matéria é deste Blogue.

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Nem o belo logradouro escapa. Triste fim de uma gestão lastimável!