sábado, 25 de julho de 2015

QUE MARAVILHA DE TEXTO!


O palhaço
Ontem, viu-se-lhe em casa a esposa morta 
E a filhinha mais nova, tão doente! 
Hoje, o empresário vai bater-lhe à porta, 
Que a platéia o reclama, impaciente. 

Ao palco, em breve surge... pouco importa 
O seu pesar àquela estranha gente... 
E ao som das ovações que os ares corta, 
Trejeita, canta e ri, nervosamente. 

Aos aplausos da turba, ele trabalha 
Para encontrar no manto em que se embuça 
A cruciante angústia que o retalha. 

No entanto, a dor cruel mais se lhe aguça 
E enquanto o lábio trêmulo gargalha, 
Dentro do peito o coração soluça. 


   Padre Antônio Thomaz

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