14 de mar. de 2016

DIDEUS SALES

Pelo ar que me refresca,
A água que me sacia,
O fogo que me aquece
E a terra que tudo cria,
Juro nunca desistir
De sonhar e construir
Castelos em poesia.
Cantarei com maestria
As belezas do sertão:
As cantigas, os folguedos,
As apanhas de algodão,
Os causos de beiradeiros
Em alpendres e terreiros
Nas debulhas de feijão.
Juro cantar meu torrão
Que sofrido continua,
Mas ainda tem a paz
Que não se tem mais na rua,
E recebe toda noite,
Depois que o sol faz pernoite,
Beijos e abraços da lua.
Não há nada que destrua
Meu desejo de cantar
As alegrias de um povo
Que rir para não chorar,
Que debocha da desgraça
Sem nunca perder a graça
E a vontade de sonhar.
Não deixarei de tocar
Minha viola querida,
Companheira solidária
Em hora triste e dorida;
Seu som me emociona,
Quanto toco vem à tona
A paz que sonho na vida.
Pelo ar que me dá vida,
A água que me sacia,
O fogo que me aquece
E a terra que tudo cria,
Juro nunca desistir
De sonhar e construir
Castelos em poesia.

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