O CAUSÍDICO
O cabra nasceu no sertão, mas foi estudar na cidade, querendo ser alguém na vida. E estudou direito, Direito. Formado, resolveu se encambitar com uma citadina bonita e abastada. Tempos depois, voltou ao interior, pra rever os pais, amigos e a parentada toda.
Um dia, em um mela-cueca, cruzou e dançou com uma morena de entortar a porta da cancela, que lembrava a Karolina, do Gonzagão. E a menina ganhou logo a causa. Dois dias depois, tava ele à beira de um grotilhão, em um banho daqueles. A mulher ligou, da capital:
- Cê tá onde?
- Pelo que eu tô vendo aqui, que outras cabritas me ajudem, próximo a entrar em um atrito, dos mais gostosos!
- Tá só?
- Apenas uma novilha me desembaça as vistas, que forma que estou prestes a ser atacado por ela, sem nenhuma amarra nas pernas, se eu não soltar logo esse celular!
- A família, tá boa?
- Pelo que me disseram, toda bem e ao redor de uma mesa de madeira maciça e à espera de uma nova visita, ligada a mim, por fortes relhos!
- Vem logo?
- Pelos apetrechos que eu tô vendo e pela rédea, que aqui é boa, creio não me soltar tão cedo, já que o habeas corpus tá difícil e a jurisprudência aqui dos rincões, não me parece favorável. Há buracos no estradão!
- Égua. Vai demorar demais, pô!
- Eis o problema. A égua/potra é uma beleza e os galopes tem sido uma beleza, minha beleza. Mas não se aporrinhe. Um dia desses minha audiência de custódia será com você!
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