8 de fev. de 2012

UM TEXTO. GRANDE!

  O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS
   Mário de Andrade

  "Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a fente do que já vivi até agora.
   Tenho muito mais passado que futuro.
   Sinto-me como aquele garoto que recebeu uma bacia cheia de cerejas...
   As primeiras, ele chupou displiscente, mas percebendo que faltavam poucas, rói o caroço.
   Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
   Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
   Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talento e sorte.
   Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
   Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturas.
   Detesto fazer acareação de desafetos que brigam pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.
   As pessoas não debatem conteúdo, apenas rótulos.
   Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
   Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que ri de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade...
   Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade...
   O essencial faz a vida valer a pena.
   E para mim, basta o essencial."

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AV. BEIRA MAR NO ABANDONO

Nem o belo logradouro escapa. Triste fim de uma gestão lastimável!