Encaro
meus acabrunhados botões, e pergunto: e que diria vovô Brizola de
Brizola Neto? Será que Miro Teixeira pesa mais na balança do poder do
que o ministro do Trabalho? Pesa ao menos dentro do PDT, a ponto de
ofender impunemente a memória do engenheiro Leonel. É a observação dos
botões, sugerida como conclusão inescapável.
Confesso algo entre o desconforto e o desalento. Indignação e revolta eu experimentava durante a ditadura, hoje sobrevém a desesperança. A mídia nativa é o próprio alicerce da casa-grande. Não há, dentro do seu espaço, impresso ou não, uma única voz que se levante para pedir justiça. É o silêncio compacto da turba, enquanto os seus porta-vozes invectivam contra a corrupção, sempre e sempre petista, e desde já decidem o resultado do processo do chamado 'mensalão'. Pretendem-se Catões, são piores que Catilina.
Os botões me puxam pela manga. Ah, sim, esqueci: uma voz se levanta, a do Estadão, para noticiar que Gilmar Mendes, este monstro sagrado da ciência jurídica nativa, solicita um inquérito público a respeito de CartaCapital. Motivo: a nossa denúncia da sua participação do valerioduto mineiro. Mendes diz até ter estudado na Alemanha, deveria saber, porém, que no caso o único caminho é nomear advogado e mover demanda no Penal.
Em compensação, esta semana Roberto Jefferson se tornou personagem de destaque por ter apontado no ex-presidente Lula o chefão da quadrilha. Ele mesmo, o Jefferson que no começo da história, quando já havia embolsado 4 milhões de reais despejados pelo valerioduto nos seus bolsos, cuidou de isentar o então presidente.
Nem tudo é desgraça nas pregas do momento: na terça 14, o Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou por unanimidade a decisão de primeiro grau que reconhece como torturador o coronel Carlos Brilhante Ustra, comandante do DOI-Codi por certo período dos anos de chumbo. É a primeira vez que um órgão colegiado da Justiça brasileira afirma os crimes de um agente da ditadura civil-militar. Com isso, abre-se a porta para processos similares no Cível. A demanda movida pela família Teles, que conta com cinco torturados na masmorra do coronel Ustra, valeu-se do destemor e do saber do jurista Fábio Konder Comparato, infatigável na defesa da causa. Seu desfecho, pelo menos até agora, representa um avanço, mas a lei da anistia, condenada nas instâncias internacionais e tão limitativa das nossas aspirações democráticas, continua em vigor. Ao cabo da semana, os botões sustentam condoídos que a casa-grande está de pé, inabalável, certa da cordialidade da senzala, como diria Sérgio Buarque de Holanda."
Confesso algo entre o desconforto e o desalento. Indignação e revolta eu experimentava durante a ditadura, hoje sobrevém a desesperança. A mídia nativa é o próprio alicerce da casa-grande. Não há, dentro do seu espaço, impresso ou não, uma única voz que se levante para pedir justiça. É o silêncio compacto da turba, enquanto os seus porta-vozes invectivam contra a corrupção, sempre e sempre petista, e desde já decidem o resultado do processo do chamado 'mensalão'. Pretendem-se Catões, são piores que Catilina.
Os botões me puxam pela manga. Ah, sim, esqueci: uma voz se levanta, a do Estadão, para noticiar que Gilmar Mendes, este monstro sagrado da ciência jurídica nativa, solicita um inquérito público a respeito de CartaCapital. Motivo: a nossa denúncia da sua participação do valerioduto mineiro. Mendes diz até ter estudado na Alemanha, deveria saber, porém, que no caso o único caminho é nomear advogado e mover demanda no Penal.
Em compensação, esta semana Roberto Jefferson se tornou personagem de destaque por ter apontado no ex-presidente Lula o chefão da quadrilha. Ele mesmo, o Jefferson que no começo da história, quando já havia embolsado 4 milhões de reais despejados pelo valerioduto nos seus bolsos, cuidou de isentar o então presidente.
Nem tudo é desgraça nas pregas do momento: na terça 14, o Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou por unanimidade a decisão de primeiro grau que reconhece como torturador o coronel Carlos Brilhante Ustra, comandante do DOI-Codi por certo período dos anos de chumbo. É a primeira vez que um órgão colegiado da Justiça brasileira afirma os crimes de um agente da ditadura civil-militar. Com isso, abre-se a porta para processos similares no Cível. A demanda movida pela família Teles, que conta com cinco torturados na masmorra do coronel Ustra, valeu-se do destemor e do saber do jurista Fábio Konder Comparato, infatigável na defesa da causa. Seu desfecho, pelo menos até agora, representa um avanço, mas a lei da anistia, condenada nas instâncias internacionais e tão limitativa das nossas aspirações democráticas, continua em vigor. Ao cabo da semana, os botões sustentam condoídos que a casa-grande está de pé, inabalável, certa da cordialidade da senzala, como diria Sérgio Buarque de Holanda."
(Mino Carta)
(Colaborou Eliton Meneses de Albuquerque)
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