24 de jul. de 2014

SAUDADE



   "Ariano se foi.
Deixou aberta a porta 
para que outros homens de letras, 
falem de sua gente 
com o acentuado encanto como ele descreveu. Seus tipos nordestinos, nordestinados
em sagas de armorial sentido e feições universais.
  Ariano é um desses luminares que o ventre da mãe-Cultura expele, de quando em quando - quando se faz preciso vir à Terra, um gênio. 
  E acrescido dos ingredientes regionais,
ele vai raspando do tacho desse caldeirão, 
o caldo de personas e personagens 
como o fascinante João Grilo, 
do Auto da Compadecida. 
  Ariano se foi. 
Nós temos mais é que agradecer 
a divina providência, oxalá quem seja, 
a passagem dele 
por esse fim-de-mundo terreno, 
onde ainda bestializamos 
nossas ilusões de poder, 
quando um homem como Suassuna 
revela com simplicidade que o poder 
é o que cria o novo do já antigo
e renova o velho do que há de mais novo.
  Ariano é daqueles que transformam
sinais gráficos em luzes
e sai derramando por entre as vistas de todos nós, seus leitores. 
  Ele consegue transformar 
o que é singelo em singular. 
O que é belo em magnífico. 
  E assim, a vida se farta de luz.
e a luz de seu brilho eternizada fica."


 (Nonato Albuquerque, jornalista)

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Nem o belo logradouro escapa. Triste fim de uma gestão lastimável!