Eu, que morri muitas vezes
E cruzei tantos umbrais,
Por contas desses revezes,
Abri e fechei portais!
Eu, que vivi tantas vidas,
Entre prédios e currais,
Busco as vidas não vividas
Nos desertos glaciais.
Eu, que guardo cicatrizes
De lutas descomunais,
Ouço a voz dos infelizes,
Amontoados no cais!
Eu, que sempre mergulhei
Nas plagas celestiais,
Em mim mesmo me encontrei
E não saio de mim mais!
E cruzei tantos umbrais,
Por contas desses revezes,
Abri e fechei portais!
Eu, que vivi tantas vidas,
Entre prédios e currais,
Busco as vidas não vividas
Nos desertos glaciais.
Eu, que guardo cicatrizes
De lutas descomunais,
Ouço a voz dos infelizes,
Amontoados no cais!
Eu, que sempre mergulhei
Nas plagas celestiais,
Em mim mesmo me encontrei
E não saio de mim mais!
Marco Haurélio, poeta baiano
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