19 de abr. de 2020

MEMÓRIAS

"Lembranças (a pedidos não de todos, mas de alguns):
Ao olhar o infinito no teu entardecer
Sinto voltar a mim aquela velha infância.
Onde os dias eram calmos como os passos de teus velhos.
Ouço a voz mansa do Seu Ubirajara ao lado de sua elegante Ormisa.
Sinto o cheiro embriagante dos jasmins dos canteiros do Seu Chico do Santo.
Pego-me rindo das estórias do Tomás Lúcio.
Corro para ver o som trepidante da piladeira do Seu Zé Leite, sobre os olhares do Moçotonho.
Que vontade de comprar um metro de tergal infestado, na loja do Seu Vilar ou no Valmir Leite, para uma bela camisa e mandar fazer para a festa de setembro.
Passear nas feiras de domingo entre as panelas de barros, os quinaipos do Chico da Águeda e as lamparinas do Seu Afonso.
Ganharia alguns bombons de lembranças na bodega do Seu Antônio Policarpo, que hoje tem um gosto agridoce, mistura de saudade com o gostar sem limites.
Em uma caminhada para casa da vovó, encontraria a janela a simpátia da Tia Vanda, com um sorriso largo e sua doçura, feito as goiabas do seu quintal.
Naquelas calçadas de cadeiras conhecidas os gestos afáveis do Seu Agostinho Gomes e do Seu Pequenim; com fazem falta seus olhares.
Subir o 'alto' para chegar ao Ginásio, o nosso Olimpo do saber, e desfrutar dos conhecimentos dos nossos professores Luís do Dico e Antônio Moacir, entre as ciências e a língua da rainha (a do Reino Unido).
Veria sentado na Praça da Matriz a elegância do Chico Teles, o Seu Chico Camilo a fumar seu charuto e o Alidriu contado as novidades.
Teria o abraço gostoso da minha tia de coração, Socorrinha Gomes, com seu bondoso afago de quem gosta de verdade.
Antes mesmo de sentir o gosto amargo que a falta faz, sentiria as delícias do tijolinho da Tia Maria Nicássio e dos pastéis da Benícia (mãe do Jirau e do Hibernon).
Ah, Palma, as tuas ruas desertas de hoje sentem o silêncio dos muitos que se abrigam do mal, mas o ignoto rasteio do tempo já tinha deixando em silêncio estas vozes que nos falavam quando nossos ouvidos de crianças, admirados, começavam a descobrir a vida.
Palma minha, ao teu infinito elevaram-se todos eles e nos teus dias o céu se pinta de azul e branco como se a reverenciá-los.
O céu da Palma se desenha de saudade todos os dias e a minha amiga Ivaneide Fernandes nos presenteia com as provas materiais desta verdade irrefutável.''
Alexandre Neto, via grupo de Zap Literatura em Confraria, criado por mim 

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