14 de abr. de 2012

TRABALHO DE EDUCADOR

ROMANTISMO

CASTRO ALVES (Bahia -1847- Idem -1871)

CREPÚSCULO SERTANEJO

A tarde morria! Nas águas barrentas
As sombras das margens deitavam-se longas;
Na esguia atalaia das árvores secas
Ouvia-se um triste chorar de arapongas.

A tarde morria! Dos ramos, das lascas,
Das pedras, do líquen, das heras, dos cardos,
As trevas rasteiras com o ventre por terra
Saíam, quais negros, cruéis leopardos.

A tarde morria! Mais funda nas águas
Lavava-se a galha do escuro ingazeiro...
Ao fresco arrepio dos ventos cortantes
Em músico estalo rangia o coqueiro.

Sussurro profundo! Marulho gigante!
Tal vez um silêncio!... Tal vez uma orquestra...
Da folha, do cálix, das asas, do inseto...
Do átomo à estrela... do verme – à floresta!...

As garças metiam o bico vermelho
Por baixo das asas – da brisa ao açoite;
E a terra na vaga de azul do infinito
Cobria a cabeça co’as penas da noite!

Somente por vezes, dos jungles das bordas
Dos golfos enormes daquela paragem,
Erguia a cabeça surpreso, inquieto,
Coberto de limos – um touro selvagem.

Então as marrecas, em trono boiando,
O vôo encurvavam medrosas, à toa...
E o tímido bando pedindo outras praias
Passava gritando por sobre a canoa!...
(Do Facebook do escritor Sânzio de Azevedo, que atende a todos os seus leitores, de forma personificada. Um verdadeiro trabalho de educador!)

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