"As manchetes dos jornais voltam a ser ocupadas pela dengue. No
Ceará, o mosquito vence a inteligência humana. Claro que não estamos
falando de uma patologia enigmática, sem cura e prognóstico mortal, mas
de um trivial mosquito que inocula um vírus e o estrago está feito.
A doença escancara a falência da suposta rede construída em proteção à saúde da população.
Apesar de ser algo previsto, nada é feito de forma antecipada.
Parece que somos totalmente surpreendidos. Nada estaria sendo previsto.
Essa multidão lotando os postos de saúde e a carência de medicamentos
elementares acontece como se fosse algo inusitado. Nem mesmo uma
mobilização social, através dos meios de comunicação, está sendo usada.
Agora é propaganda direta, unicamente vislumbrando as próximas
eleições. Não se passa informações, mas um proselitismo vagabundo.
Em sentido mais amplo, essa situação evidencia a falência do sistema
de saneamento público. Aliás, ano passado, baseado em dados do
Ministério das Cidades, Fortaleza tinha caído da quinta posição (2003)
em saneamento público para a 32ª posição (2009). As consequências foram
imediatas.
A reação dos dirigentes públicos é de atordoamento. Fecham-se numa
defesa corporativista, em promessas evasivas e concretamente não
propõem absolutamente nada. O momento exige um grande mutirão social. Precisamos mobilizar todas as forças possíveis. O estado atual,
agravado – obviamente – por outras infecções oportunistas (pulmonares,
intestinais, clínicas em geral), necessita de uma intervenção maior do
que entrevistas evasivas. Mutirão para recolher o lixo que compromete a
saúde. A cidade está imunda. Liberação da taxa de pagamento da água por
determinado período e região/bairros ou até mesmo a distribuição de
água potável à população mais carente, instalação de postos de
atendimento de urgência, provisórios (tipo militar), nas áreas mais
carentes e necessitadas.
Enfim, coisas concretas. Pontuais. De socorro. Que o cidadão pudesse
sentir o envolvimento do poder público de forma objetiva. Com respostas
precisas. Não há tempo a perder."
(Antônio Mourão Cavalcante, no O Povo e no Blogue do Eliomar)
Obs.: O título da matéria é deste Blogue.
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