SOBRE O TEMA: "Dilma vai Sancionar Projeto de Cotas nas Universidades Federais"

    "Não pode deixar de sancionar, sob pena de cometer uma grande injustiça. A Universidade vai melhorar seu ambiente, o papo da cantina vai ganhar qualidade, as visões de mundo e da vida se diversificarão, vai colocar lado ao lado o jovem pobre e o jovem de classe média ou rico, vai melhorar o ambiente da sala de aula (os estudantes das escolas públicas levarão para a sala de aula suas experiências de vida, o que falta aos estudantes de famílias de renda média e alta). Os estudantes de renda alta têm maior domínio da informação (são melhores nas avaliações de múltipla escolha) e os estudantes de famílias pobres têm maior proveito nas redações e na participação em debates. É que seu cotidiano inclui a labuta do dia-a-dia, onde aprendem a negociar, a falar, a disputar, a brigar, a enfrentar obstáculos (como a polícia, a falta do feijão na hora do almoço, por exemplo). A universidade mudará de cor. Vamos ter a presença dos jovens negros, mulatos e a cor do... índio. Vai ficar mais humana a universidade, vai haver maior exigência sobre os professores, sobre sua capacidade pedagógica. A universidade viverá mais a diversidade em ambiente de trocas e de convivialidade. Os jovens que lá estão vão se sentir mais orgulho de seu ambiente acadêmico, uma vez que este assumirá mais o jeito de Brasil, vão poder sentir o Brasil de mais de perto, um Brasil do qual foram segregados, apartados, em decorrência das diferenças de renda, de classe, de cor. Essa importante mudança será um surpreendente e positivo escândalo, que não deixará ninguém em silêncio. O problema social deixará de ser apenas objeto de reflexões acadêmicas. Ele assumirá seu peso real, pois se apresentará sem máscaras e sem retóricas. Os centros acadêmicos, hoje quase mortos, serão ressuscitados. Viveremos uma nova universidade."

  (Pedro Albuquerque, sociólogo e professor universitário)