Por Ricardo Kotscho (ex-assessor de Lula)
Pouco antes do segundo turno das eleições presidenciais de 2006, o sujeito viu a manchete do jornal na banca e não se conformou. "Esse
aí, só matando!", disse ao dono da banca, apontando o resultado da
última pesquisa Datafolha que apontava a reeleição de Lula. Passados
seis anos desta cena nos Jardins, tradicional reduto tucano na capital
paulista, o ódio de uma parcela da sociedade - cada vez menor, é verdade - contra Lula e tudo o que ele representa só fez aumentar.
Nem
se trata mais de questão ideológica ou de simples preconceito de
classe. Ao perder o poder em 2002, e não conseguir mais resgatá-lo nas
sucessivas eleições seguintes, os antigos donos da opinião pública e dos
destinos do país parecem já não acreditar mais na redenção pelas urnas. Montados
nos canhões do Instituto Millenium, os artilheiros do esquadrão
Globo-Veja-Estadão miraram no julgamento do chamado mensalão, na
esperança de "acabar com esta raça", como queria, já em 2005, o grande
estadista nativo Jorge Bornhausen, que sumiu de cena, mas deixou alguns
seguidores fanáticos para consumar a vingança.
A
batalha final se daria no domingo passado, como consequência da
"blitzkrieg" desfechada nos últimos três meses, que levou à condenação
pelo STF de José Dirceu e José Genóino, duas lideranças históricas do
PT. Faltou
combinar com os eleitores e o resultado acabou sendo o oposto do
planejado: o PT de Lula e seus aliados saíram das urnas como os grandes
vencedores em mais de 80% dos municípios brasileiros. E as oposições
continuaram definhando. Ato
contínuo, os derrotados de domingo passado esqueceram-se de Dirceu e
Genoíno, e mudaram o alvo diretamente para Lula, o inimigo principal a
ser abatido, como queriam aquele personagem da banca de jornal e o
antigo líder dos demo-tucanos.
Não
passa um dia sem que qualquer declaração de qualquer cidadão contra
Lula vá para a capa de jornal ou de revista, na tentativa de
desconstruir o legado deixado por seu governo, ao final aprovado
por mais de 80% da população _ o mesmo contingente de eleitores que
votou agora nos candidatos dos partidos por ele apoiados.
Enganei-me
ao prever que teríamos alguns dias de trégua neste feriadão. Esta é uma
guerra sem fim. Quanto mais perdem, mais furiosos ficam, inconformados
com a realidade que não se dobra mais aos seus canhões midiáticos
movidos a intolerância e manipulação dos fatos. O país em que eles mandavam não existe mais.
Artigo Enviado ao Blogue pelo engenheiro coreauense Eliton Meneses
Artigo Enviado ao Blogue pelo engenheiro coreauense Eliton Meneses
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