"Cada vez que ouço um
político brasileiro nas tribunas falando em 'ESTADO DE DIREITO' mais vejo o quão
grande é a distância entre fala e ação. Recentemente escutei um pronunciamento
do 'dono do maior curral político maranhense'. Ele dizia que se fosse começar a
vida novamente não ingressaria na política. O maranhense falava ainda que a
política era a 'arte de servir e não de se servir dela'. Essa (fala), nobres
blogueiros, é uma prova cabal do distanciamento das ações e da fala dos nossos
políticos. É fácil falar... Difícil demais é fazer!
No Brasil está existindo
uma nova modalidade de MMA. Os dois Poderes - Legislativo e Judiciário - estão
se enfrentando no 'octógno'. Um querendo se impor ao outro. Sabemos que é um
jogo movido tão somente pelas vaidades. O Judiciário atrás de punir os mensaleiros;
já o Legislativo diz que essa atribuição é do Executivo (Polícia Judiciária).
Esse poder (Executivo) por sua vez é comprometido a política e acoberta as
ilicitudes.
O País enfrenta uma
onda de violência urbana. A mídia brasileira quer pôr a culpa nos adolescentes
e diz que o Estatuto da Criança e do Adolescente é quem está fomentando esta
guerra, por sua característica de 'pena branda'. Esta lei traz sentimento de impunidade
aos infratores. O ECA fez vinte anos de promulgação e até hoje o que
preconiza o Estatuto ainda não foi implantado em sua totalidade. Aqui também,
temos uma amostra do distanciamento da fala e da ação. Os poderes Executivos e
Judiciário não exercem o que está previsto na Lei. Se os adolescentes tivessem
políticas públicas voltadas para a educação e o lazer de qualidade, quem sabe não
teríamos tantos jovens envolvidos na criminalidade. Os que cometerem ato infracional leve não deveriam ser encaminhados para os centros de medidas sócioeducativas e
as medidas em liberdade (assistida ou em meio aberto) deveriam ser acompanhadas
pela família, pela Promotoria e pelo Conselho Tutelar. Que a medida de Prestação
de Serviço à Comunidade (PSC) seja mais amplamente utilizada pelo Poder
Judiciário.
O poder da fala é um
grande risco em certas pessoas. Temos exemplos na história, de homens que
causaram grandes genocídios à humanidade por causa das suas ideologias. Dentro
dos cultos religiosos muitas pessoas são enganadas em nome da salvação. Nas
tribunas judiciárias e legislativas as palavras soam com a força de um trovão.
Mas trovão sem relâmpago; somente barulho. Seria de bom que as pessoas
tivessem mais 'ação' do que 'palavras bonitas e enganadoras'. Findo esta minha
participação dizendo que não é fácil, no mundo de hoje, a ação preceder a fala.
Por isso vivemos em uma sociedade discriminatória e injusta. E muitas vezes a
vontade do TER supera a do SER. Mas, continuo esperançoso e acredito que para
termos uma sociedade mais justa é necessário que a distância entre a palavra e a
ação seja ZERO."
(Carlos Teles)
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