Dilma acaba de falar em cadeia nacional da profunda crise em que o país vive. Ela
defendeu o ajuste fiscal. Os comentaristas da mídia corporativa, logo em
seguida, confirmam a "necessidade"
de tal ajuste. Ninguém fala que somente no ano passado 45% do Orçamento Geral da
União (OGU) foram tragados para a banca financeira, por via do pagamento dos
juros, amortização e refinanciamento da dívida. Não foi dinheiro para os trabalhadores.
Foi para os rentistas e banqueiros. Seu discurso tentou
dizer aos trabalhadores e trabalhadoras que esses não teriam direitos afetados
e que as medidas de ajuste atingiriam todos os setores da sociedade. Nada mais
enganoso. Não esqueçamos que em 30 de dezembro último, foi Dilma que editou as
Medidas Provisórias 664 e 665, atacando seguro-desemprego, abono salarial e
pensão por morte. Essa última alteração, em especial, prejudicou diretamente
mulheres jovens viúvas de trabalhadores. Enquanto isso, os juros continuam
crescendo para a felicidade dos rentistas. O sentimento de
indignação que hoje cresce não pode ser capturado pela direita. A saída para a
crise não pode ser conservadora e revanchista. Não devemos cair nas estratégias
cínicas dos que querem usar a situação atual para voltar ao poder e atacar
ainda mais os direitos das maiorias sociais. Estes não podem falar de
corrupção, pois estão da mesma forma envolvidos nas práticas de financiamento
ilegal e fraude nos recursos públicos. Também não podem falar de saídas para a
crise econômica, pois defendem o mesmo tipo de ajuste fiscal.
Nossa proposta é
mobilizar para garantir reformas de cunho popular: uma reforma política que
liberte o sistema do aprisionamento das grandes corporações (a Operação
Lava-Jato revela que os "grandes partidos" estão todos contaminados
pela tríade: financiamento empresarial, contratos fraudulentos, parlamentares e
gestores financiados); reforma tributária e patrimonial de cunho progressista
(que impacte os grandes rentistas e fortunas); alteração da política de juros e
revisão do comprometimento do OGU com a dívida pública.
Temos que ficar
atentos e mobilizados. Não podemos ser massa de manobra do braço conservador.
Não podemos acreditar nas vozes da mídia corporativa. Mais que nunca, é preciso
aprender e debater a conjuntura, ampliar a consciência sobre o que está
acontecendo e, sobretudo, organizar a ação coletiva.
Dep. Estadual (Psol) Renato Roseno
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