3 de dez. de 2016

SEM DIVINIZAÇÃO NENHUMA...

... os mistérios de Cuba:
"Texto de Isadora Clemente, estudante de Medicina, ex- aluna da Escola Parque de Recife, um pouco de Fidel e a Revolução Cubana.
'Às vezes me perguntam sobre o que vi de pobreza em Cuba. Eu acho que essa é uma pergunta curiosa, porque me fez pensar sobre o que é pobreza. Ora, no nosso contexto brasileiro, riqueza é uma associação de bens materiais a uma situação de segurança e bem estar. Pobreza envolve muito mais do que a falta de bens. Pobreza envolve morar num local arriscado, conviver com deslizamentos de morros, tiroteios, com o medo de ser desalojado. Envolve estar mais vulnerável a estupros, à violência, à exploração sexual. Envolve perder horas apertado em um transporte público caro e de má qualidade. Muitas vezes envolve passar fome, envolve se desesperar por não ter acesso a medicamentos e cuidados médicos. Envolve não ter lugar adequado para deixar seu filho. E principalmente, pobreza na sociedade de consumo está associada à baixa autoestima. Os ricos dizem que são ricos porque eles ou os pais deles trabalharam, fizeram esforço, logo se você é pobre é porque não trabalhou, não é inteligente, não é esforçado. Uma ideia tristemente enraizada.
E eu me lembro de uma foto numa comunidade rural de Havana. As crianças dormindo em creche. Crianças com mais de um ano, porque lá a licença materna ou paterna é de um ano. Crianças que poderão praticar esportes, dançar ballet, independentemente dos pais terem dinheiro pra pagar escolinha. Lembro dos idosos nas casas de abuelos, compartilhando tantas lembranças. Lembro da tranquilidade com que a gente andava à noite na estrada.
Então quando me perguntam se em Cuba tem muita pobreza, eu respondo que na verdade o que Cuba tem é outro tipo de riqueza".
Compartilhado por Ruy Lima - jornalista

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