"Brasil parece ter encontrado uma solução fácil para acabar com a criminalidade: armar a população. Como a história sempre tem algo a nos ensinar, reproduzo neste thread trecho do meu livro '1808' sobre a violência e o uso de armas no Rio de Janeiro na época da corte de D. João: A criminalidade atingiu índices altíssimos nos treze anos da permanência de D. João no RJ. Roubos e assassinatos aconteciam a todo momento. No porto, navios eram alvos de pirataria. Gangues de arruaceiros percorriam as ruas atacando as pessoas a golpes de faca e estilete. Oficialmente proibidos, a prostituição e o jogo eram praticados à luz do dia. 'Nesta cidade e seus subúrbios, temos sido muito insultados pelos ladrões', relata o arquivista real Luiz Joaquim dos Santos Marrocos numa das cartas ao pai, que ficara em Lisboa. A maioria da população andava armada. O cônsul inglês James Henderson surpreendeu-se com o número de pessoas que portavam facas escondidas nas mangas de seus capotes, 'as quais tiram e usam com grande destreza'. Pouca gente saía desacompanhada à rua depois do anoitecer. Pedradas eram um tipo de agressão muito comum. Grande número de escravos era preso por desferir pedradas em pessoas que simplesmente passavam pela rua. A mulher do embaixador americano Thomas Sumpter foi atingida por uma delas no olho enquanto estava dentro de sua carruagem. Encarregado de botar ordem na casa, o chefe de polícia Paulo Fernandes Viana baixou o porrete nos arruaceiros, impôs toque de recolher, promoveu obras de melhorias urbanas. De nada adiantou. A violência no RJ continuou tão elevada quanto sempre tinha sido e seria!"
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16 de jan. de 2019
LAURENTINO GOMES E A VIOLÊNCIA (TAMBÉM) DO PASSADO
"Brasil parece ter encontrado uma solução fácil para acabar com a criminalidade: armar a população. Como a história sempre tem algo a nos ensinar, reproduzo neste thread trecho do meu livro '1808' sobre a violência e o uso de armas no Rio de Janeiro na época da corte de D. João: A criminalidade atingiu índices altíssimos nos treze anos da permanência de D. João no RJ. Roubos e assassinatos aconteciam a todo momento. No porto, navios eram alvos de pirataria. Gangues de arruaceiros percorriam as ruas atacando as pessoas a golpes de faca e estilete. Oficialmente proibidos, a prostituição e o jogo eram praticados à luz do dia. 'Nesta cidade e seus subúrbios, temos sido muito insultados pelos ladrões', relata o arquivista real Luiz Joaquim dos Santos Marrocos numa das cartas ao pai, que ficara em Lisboa. A maioria da população andava armada. O cônsul inglês James Henderson surpreendeu-se com o número de pessoas que portavam facas escondidas nas mangas de seus capotes, 'as quais tiram e usam com grande destreza'. Pouca gente saía desacompanhada à rua depois do anoitecer. Pedradas eram um tipo de agressão muito comum. Grande número de escravos era preso por desferir pedradas em pessoas que simplesmente passavam pela rua. A mulher do embaixador americano Thomas Sumpter foi atingida por uma delas no olho enquanto estava dentro de sua carruagem. Encarregado de botar ordem na casa, o chefe de polícia Paulo Fernandes Viana baixou o porrete nos arruaceiros, impôs toque de recolher, promoveu obras de melhorias urbanas. De nada adiantou. A violência no RJ continuou tão elevada quanto sempre tinha sido e seria!"
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